Rio, 06 de junho de 2005 |
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FGTS-Vale e
Petrobras decepcionam no ano, mas analistas mantêm
aposta
 Patricia Eloy
As
recentes perdas do FGTS-Vale não preocupam o investidor
Ralph Möller. O gerente de Tecnologia da Informação
aplicou parte do saldo de seu fundo de garantia em ações
da empresa e, apesar da queda de 4,70% no acumulado do
ano, não pensa em levar os recursos de volta para o FGTS
tradicional, que rende TR mais 3% ao ano:
— De
acordo com o último extrato que recebi, até abril de
2005 o fundo no qual aplico está negativo em 8,76%, e no
bimestre março-abril as perdas foram de 24,09%. Mas isso
não me preocupa. Apesar das quedas recentes, entre abril
de 2003 e março de 2005, o meu fundo já teve valorização
de 189,64%, muito mais que as aplicações conservadoras.
Levantamento feito pela consultoria Fortuna, que
monitora a indústria de fundos, mostra que no acumulado
de 2005 o FGTS-Vale perdeu para o FGTS, que rendeu
2,26%. Já o FGTS-Petrobras teve ganhos próximos aos dos
conservadores fundos DI: o primeiro rendeu 8,23% e o
segundo, 7,3%, influenciado pelas elevadas taxas de
juros (a Selic está em 19,75% ao ano).
A longo
prazo, porém, tanto o FGTS-Vale quanto o FGTS-Petrobras
são imbatíveis. Renderam 38,44% e 43,14%,
respectivamente, nos últimos 12 meses, desempenho
bastante superior à maioria das aplicações. Já o FGTS
tradicional rendeu 5,3% no período.
— Sair dos
fundos para migrar para o FGTS tradicional não é uma boa
alternativa, já que os ganhos nunca são muito superiores
a 5% ao ano. Estamos falando de duas empresas de
primeira linha, com ganhos elevados a médio e longo
prazos — diz o economista Marcelo D’Agosto, autor do
livro “Como escolher o melhor fundo de investimento”.
Fundos rendem mais de300% desde o
lançamento
Desde que foi criado, em março de
2002, o FGTS-Vale acumula ganhos de 319,98%. Já o
FGTS-Petrobras rendeu 301,57% de agosto de 2000, quando
foi lançado, até 1 de junho.
Para Cristiane
Viana, analista de mineração da corretora Ágora Senior,
a queda das ações da Vale foi exagerada, amplificada
pela saída em peso dos estrangeiros:
— Era um
dos papéis que mais tinha subido nos últimos meses, e na
hora de colocar o dinheiro no bolso os estrangeiros não
pensaram duas vezes: aproveitaram a liquidez e venderam
os papéis.
Para a analista, as dúvidas em
relação à manutenção da forte demanda da China por
minério de ferro ajudaram a derrubar as ações. Mas a
queda, acredita, é passageira:
— Diante do baixo
patamar de preços e do alto potencial da empresa, nossa
recomendação é de compra das ações.
Alexandre
Magalhães da Silveira, analista da ARX Capital
Management, concorda. Ele explica que as ações da Vale
ainda não refletiram o reajuste de 71,5% nos preços do
minério de ferro:
— Estamos falando de uma das
empresas mais sólidas e em franca expansão. Acreditamos
no potencial do papel.
A analista de comunicação
Marize Mattos também investiu e aposta suas fichas na
Vale. Apesar das perdas recentes do FGTS-Vale, ela está
de olho no desempenho a longo prazo.
— O que eu
apliquei triplicou de valor desde o lançamento do fundo.
As perdas de curto prazo não me preocupam — diz Marize,
que, conservadora, tem no FGTS-Vale sua única aplicação
em bolsa.
Produção maior impulsionará ação da
Petrobras
Os analistas também se mostram
otimistas em relação ao desempenho do FGTS-Petrobras.
Mônica Araújo, chefe de pesquisa da Espírito Santo
Research, destaca que a estatal caminha para a
auto-suficiência na produção e fez pesados
investimentos, o que deve gerar valorização para os
papéis:
— Como no caso Vale, por ser um papel
muito líquido, a Petrobras acabou sendo prejudicada pela
queda na Bovespa. Mas a empresa vai investir US$ 54
bilhões até 2011 e as novas plataformas que entrarão em
funcionamento até o fim do ano acelerarão o processo
rumo à auto-suficiência.
Luiz Otávio Broad,
analista de petróleo da Ágora Senior, diz que as
estimativas são de que, com as novas plataformas, a
produção de petróleo cresça 13,9% este ano na comparação
com o ano passado e mais 11,8% em 2006.
— As
expectativas do mercado são de um lucro de R$ 21,15
bilhões este ano, quase 20% a mais que em 2004. E mais
lucro significa mais ganho, além de mais dividendos aos
acionistas. | | |